Resenha de Start-up/Apostando Alto - (K-drama)
dezembro 31, 2020
Olá, Brenda aqui, e a
tarefa difícil de hoje é resenhar um dos sucessos de 2020 “Start-up/Apostando
alto” disponível para assistir na Netflix e, para os não assinantes, tem no Dramafansub, com 16 episódios. Quem acompanha as nossas postagens no instragram sabe, o quanto Apostando Alto foi discutido
por lá, fizemos até uma série de Impressões semanais a partir do episódio 5
do drama, onde escrevíamos o que sentimos acerca de cada episódio da obra.
Justamente por isso, essa resenha é livre de spoiler, é a busca de uma
linguagem mais direta e de ver o drama como um todo, e é aí que se encontra o
desafio de escrevê-la, sobretudo é a minha visão e sentimentos sobre a
história.
Em
síntese Start-up/Apostando alto é sobre personagens que buscam abrir sua
própria empresa / Start-up mesmo com todos os desafios presentes. É uma
história que envolve seguir o sonho de ter um negócio com o mundo da tecnologia
que vivemos. Apesar de não ser o foco principal, Start-up também é uma história
com romance. O Enredo se desenrola quando Seo Dal-mi resolve seguir os passos
de seu pai e abrir um negócio, a vida que ela deseja é subir para alto e
mostrar para a irmã In-Jae que não se arrepende de nenhuma das decisões que
tomou no passado. Por outro lado, há também uma Dal-mi sozinha, que mesmo com a
confiança e positividade que sempre a acompanhou, em um momento difícil na
infância recebeu consolo vindo das cartas de um garoto que ela acreditava se chamar
Nam Do-san.
No
entanto, as cartas que ela pensava serem remetidas por esse garoto foram, na
verdade, fruto da mentira de sua avó que, vendo sua neta sozinha e triste, engendra
a ideia de pedir para o órfão (Han Ji Pyeong), que ela abrigava, escrever essas
cartas para sua neta usando o nome de uma criança no jornal. Por muito tempo,
mesmo sem conhecê-lo pessoalmente e parando de se comunicar com o garoto,
Dal-mi extraiu conforto dessas cartas, pensou como seria a pessoa por trás dela
e transpôs para o garoto das cartas seu par ideal. Em um momento difícil,
Dal-mi resolve novamente buscar o garoto das cartas, mas ela encontra o Nam Do
San real, aquela criança do jornal, que a pedido de Ji Pyeong, avó e depois de
ler as tais cartas, resolve fingir que é o garoto que escreveu elas. Assim, a
história de Start-up começa a ganhar forma quando por meio das lembranças e
escolhas do passado, os quatro personagens ( Dal-mi, In-jae, Ji Pyeong e
Do-san) tem seus caminhos cruzados no presente em uma jornada de descoberta,
mentira, sonhos, negócios, tecnologia, amor, mas, sobretudo, em uma jornada de
autoconhecimento, de locomoção, de luta e crescimento.
Start-up
foi um drama que me conquistou de cara no primeiro episódio, ele entrega muito
sobre a obra e sua execução, é um episódio carregado de emoção capaz de
arrancar inúmeras lágrimas, e muito bem executado, assim todos os episódios
seguintes da obra serão. O drama primeiro contextualiza o passado dos
personagens para mostrar como eles estão interligados, mas, acima disso, é um
episódio que marca o ponto de entrada de uma história que ressalta os laços
familiares ou não, as decisões, o “seguir seu sonho”, é uma porta que gera
empatia imensa, bem como um episódio que gerou determinado nível de expectativa
nas pessoas e as inúmeras discussões que ocorreram ao longo do drama. Para mim,
o primeiro episódio é preciso, porque, acima de qualquer briga de shipp ou “de
quem foi apresentado primeiro”, é um episódio sobre a vida, sobre a
imprevisibilidade dela e sobre os inúmeros momentos difíceis, sobre o conforto
que as palavras podem proporcionar, o poder de uma mão amiga, gratidão e sobre
a busca de um novo começo. O clima de empatia que o primeiro episódio de
Start-up despertou em mim, continuou sendo despertado durante toda a obra,
quanto maiores desafios surgiam na vida desses personagens mais me senti
inclinada a torcer por eles.
A
execução da história é clara à medida que acompanhamos o encontro dos
personagens, afinal, cada um deles tem uma ligação direta ou indiretamente uns
com os outros, o drama vai introduzindo para nós a forma que eles se portam, os
objetivos e sonhos, e mais adiante os principais entraves em relação aos seus
sentimentos, de forma até mesmo sutil, seja em um gesto, em uma analogia, em
uma frase cheia de metáfora, em um acender de luzes, em uma planta, em uma
garota no balanço, a obra transpõe os desafios, o crescimento, o regresso, dos
envolvidos na trama. É um drama que se pauta nos detalhes muito mais que nas
falas, em muitos momentos os personagens dizem uma coisa, mas é possível
perceber que eles não querem dizer literalmente aquilo ou que querem dizer
outra, o excelente trabalho de atuação de todo o elenco, além da parte técnica,
direção e ost, contribuiu para Start-up exprimir emoções e delicadeza em cada
episódio, para sentimos verdadeiramente alteridade no outro.
Para assistir Start-up é preciso entender
isso, cada um ali tem seus erros, suas decisões que pareceram certas em um
momento, mas que mais adiante se mostraram errôneas, não existe personagens
perfeitos na trama, assim como a história também não é perfeita, mas, para mim,
é uma história que desde o início colocou os propósitos e ponto de alcance para
cada personagem na história e que dentro dos limites que se propôs alcançar,
para além de expectativas nossas, executou tudo muito bem. Cada episódio é um
ciclo em si, porque cada um tem um objetivo que fica notório, interpreto cada título
de episódio no drama como um reflexo dos personagens em sua jornada no mundo das
Start-up, mas também em sua jornada de suas emoções. Não existe “ fulano é
melhor do que ciclano”, existem personagens em processo de amadurecimento,
acima disso, em reconhecimento de seus erros, personagens que se desculpam, que
tropeçam, personagens que fazem o outro como areia que amortece sua queda, que
possuem sonhos e cultivam expectativas, que amam do seu jeito, que saem da sua
zona de conforto, da sua concha, mas que às vezes por medo, voltam de novo. Com
personagens tão humanos assim, não tenho a ousadia de julgá-los.
Quando
disse anteriormente que o foco de Start-up não é romance, é porque o olhar que
direcionei para a história e o que percebi nela não foi esse. Obviamente, a
história possuir um romance, mas ela vai além disso, temos um casal principal
que se desenvolve ( e que amo muito), mas, para além disso, há pessoas que se
apoiam para buscar seus sonhos, há motivação extraída da presença de uma pessoa
ao seu lado. Em muitos episódios, Start-up vai mostrar Dal-mi buscando abrir
seu negócio, participando de desafios nesse sentido, justamente por isso, o
drama utiliza linguagem desse mundo dos negócios e do TI, meu elogio vai para a
forma que o drama consegue destrinchar esses termos de forma simples e
acessível para que o telespectador que não é da área possa entender, assim, em
muitos momentos, me vi mais interessada em saber se eles venceriam seus
desafios internos e externos que impediam eles de seguirem seus sonhos, do que
com quem a Dal-mi iria ficar.
A história criou um "triângulo", mas que não
necessariamente é o tipo de triângulo que criado para gerar dúvida em qual vai
ser o par romântico da protagonista, a protagonista não se vê por muito tempo
nesse mar de dúvida, pois a proposta é clara a diferenciação de um amor gerado
com a presença direta, “o dar as mãos”, o passo decisivo para um primeiro amor
do passado relacionado com gratidão, conforto, idealização. É um triângulo que
só serviu para mostrar os sentimentos e a posição nítida de cada personagem na
história, há quem diga que não é um triângulo, pois desde o primeiro momento ficou
claro com quem a protagonista ficaria (Não é exatamente um triângulo mesmo). Pensando bem, essa deve ter sido a razão
por eu gostar tanto do drama dada a minha aversão a triângulos, pois Start-up é
um triângulo que não é um triangulo, é sobre lembranças de um amor do passado
idealizado em cartas. No presente da história, não há desenvolvimento de
momentos românticos entre a personagem feminina e os dois personagens, Dal-mi
só desenvolve sentimentos, sente o coração vibrar e experimenta sentimentos
novos com um desses personagens masculinos principais.
Nesse
sentido, a história quebra e repagina alguns clichês como rivalidade feminina
por homem ( Dal-mi e irmã não possuem desavenças por conta de interesse
amoroso, mas por questões delas mesmas como qualquer pessoa normal); lembranças
do passado e primeiro amor que se sobressaem ( na maioria dos dramas a
protagonista é par do primeiro personagem que aparece na obra, e normalmente
eles tem uma ligação passada, aqui todos os personagens tem uma ligação passada
como disse anteriormente); personagem feminina fraca e inocente ( a Dal-mi é
uma personagem forte e resiliente, aliás tanto ela quanto a irmã, a
representatividade feminina de mulheres fortes e não dependentes é nítida aqui
nas três personagens feminina na obra); o par romântico da protagonista e
personagem masculino principal é uma quebra com os estereótipos criado para os
personagens principais que normalmente são: CEOS arrogantes, homens frios,
traumatizados, que desprezam a personagem, ao contrário Do-san é sensível,
bobo, lerdo, atrapalhado, um igual, que muito se assemelha aos estereótipos
encontrados no coprotagonista de uma história, há uma inversão; a repaginação
está presente também na criação de vilões, em Start-up não há um vilão de
alguém, que atrapalha a vida do personagem, ao contrário os vilões são eles
mesmo, a vida e suas decisões (existe sim personagens secundários moralmente
duvidosos, mas a máxima “você é responsável pelo que faz da sua vida” é
bastante respeitada aqui), personagens fantoches não fazem residência na história.
No
entanto, não é porque eu disse que Start-up repagine e quebre alguns clichês
que ele não tenha algum, outros clichês estão presentes sim, mas bem colocados.
Não acho o drama uma história propriamente imprevisível, é previsível dentro do
que ela delineou, mas é imprevisível no ponto que ela trata da vida. Start-up
ainda possui elementos que não aprovo como a rivalidade entre os dois
personagens masculinos principias, a não resolução redonda do conflito da
mentira; e uma reclamação que é mais minha e dos meus problemas de apego baseada
na exploração mais profunda dos sentimentos de personagens como Dal-mi e
In-jae. A questão é que a maioria das ‘falhas’ que encontro em Start-up são
compreensíveis e de fácil entendimento. Não à toa a história finaliza o
episódio 16 com sucesso, fechando todos os principais pontos que se propôs, e
ainda por cima, emocionando, inspirando e transbordando orgulho e felicidade
para os personagens. A primeira característica que firma uma história marcante e
envolvente como Start-up é a capacidade de despertar a curiosidade para
continuarmos vendo a vida dos personagens, e mesmo com todos os personagens com
suas posições delineados na história ainda sentimos vontade deles terem o mesmo
tempo de tela dos protagonistas.
Justamente por isso, todo o elenco
possuir uma química incrível entre si, uma sintonia que fica nitída em cada
cena, olhar e gesto. Os personagens secundários e de apoio servem como veia cômica,
e por menos que seja o tempo de tela para explorar seus sentimentos, eles tem
seu momento de brilhar (casal secundário fofo sim!). Start-up consegue ser
divertido e lacrimoso, consegue mostrar laços que vão além de amorosos, mas de
amizades, de família ( sanguínea ou não), de quebra traz a mensagem que os sonhos bons são aqueles que sonhamos
juntos de mãos dadas, nos ensinando que o melhor caminho não é o mais fácil,
mas aquela que seguimos nossos sonhos, para seguir nossos sonhos temos que
transpor nossas barreiras, cada personagem nos ensinou como fazer do seu jeito
torto, bagunçado e incompreensível, mas com resultados.
Acredito que já deve ter ficado claro que sou uma das poucas que amam o drama incondicionalmente, que reconhece algumas falhas nele, mas que entende a forma de abordar sutil nos detalhes e nas cenas, a vida não é tão escrachada assim, ninguém muda de um dia para outro e três anos podemos fazer muitas coisas, mas as vezes nada e tudo bem. Para finalizar, assistir Start-up é como navegar sem um mapa, no primeiro episódio não sabemos qual vai ser o fim dessa jornada, o que vai acontecer, mas, mesmo sem saber, o melhor é aproveitar cada paisagem diferente no caminho, é cair e se machucar no caminho que pode ser difícil, mas no fim encontrar algo maravilhoso. Start-up é como uma caixinha de música, alguns podem abrir e encontrar uma melodia que não os agrada, mas você pode abrir e encontrar uma melodia maravilhosa, uma melodia que te toca, o importante é não ter medo de abrir a caixinha, assim, mesmo com todos os receios criados por aí, não tenha medo de assistir Start-up, assim como os personagens, vai que você encontra um arco-iris no fim do processo, faz disso uma aprendizagem.
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