Resenha de Do you Like Brahms? (K-drama)
dezembro 29, 2020
Saudações!, Hoje vou resenhar sobre o kdrama “ Do you Like Brahms?”,
composto de 16 episódios, disponível para assistir no Dramfansub ( app e site),
Kocowa, Viki Plus e assim vai. Para quem acompanhou minhas postagens no instragram durante as semanas de lançamento, devem saber o quanto eu amei a história e o
quanto fiquei preocupada com o final da mesma, já agradeço quem surtou comigo
e, dessa forma, compartilharmos perspectivas e amores sobre o kdrama. Não foi
fácil escrever esse texto e também não é um texto pequeno, mas é um texto cheio
de sentimentos.
“ Do you like Brahms?” é sobre Park Joon Young um jovem pianista talentoso e famoso e Song-Ah uma violinista esforçada, mas sem talento, ambos tem seus caminhos cruzados e aproximados na vida e aos poucos desenvolvem um laço acompanhado de identificação e sentimentos não-resolvidos. Joon Young e Song Ah sofrem com um amor inatingível pelas pessoas que seus melhores amigos amam, dessa permissa é que surge o título do kdrama que traduzido para o português consiste em “Você gosta de Brahms?”, a pergunta feita por Song Ah a Joon Young, em um de seus primeiros encontros e a resposta negativa de Joon Young afirmando que não gosta e não toca as melodias do músico Brahms, é a exemplificação perfeita da obra, afinal, interpreto o vir a gostar de Brahms como a representação para a superação e libertação dos sentimentos não-resolvidos dos personagens da história, um passo de coragem. O importante músico clássico Brahms, assim como Joon Young e Song ah, possuía um amor impossível de ser realizado e estava inserido em um triangulo amoroso com seus amigos.
Pelos parágrafos
anteriores, já deve ter ficado claro que o dorama tem uma importante relação
com a música clássica. Todos os personagens da obra de uma forma ou de outra
estão envolvidos com o gênero musical. Cada título de episódio de “ Do you like
Brahms” possuem uma relação perfeita com a música clássica, com as expressões e
notas usadas no meio. O mais interessante é que cada um desses títulos
representam perfeitamente as emoções e o assunto tratado no episódio
correspondente. É possível assistir sem saber nada sobre música clássica e sair
sabendo uma ou duas histórias sobre o gênero musical. Já que estamos falando de
música, antecipo que a trilha sonora do drama é perfeita potencializando os
efeitos sentimentais que o drama causa.
Sim. É isso mesmo. “ Do
you like Brahms?” consegue atingir as emoções de quem está assistindo, pelo
menos atingiram a minhas e de muitas pessoas até o último episódio, isso porque
o kdrama é singelo, sensível, reflexivo, consolador, apaixonante, o enredo e o
romance desenvolvidos entre os personagens é gradual e o drama, em muitos
momentos, traz consigo um toque realístico com o intuito de falar sobre as
dificuldades no amor e na música clássica de jovens. A história pode parecer
apenas um romance fofo entre um pianista e uma violinista com direito há
algumas desavenças típicas de triângulos amorosos no caminho, mas não é bem
assim, temos a parte dos romance fofo e
até dos triângulos, no entanto, vai além, ao destrinchar os sentimentos dos
personagens com toque dramático e tocar em variados temas.
O k-drama demonstra muito
bem as prisões pessoais que tanto Song-Ah quanto Joon Young estão
enclausurados, ambos são pessoas muito gentis, timídas, parecidas, colocam os
outros em primeiro lugar e demonstram perfeitamente os pesos advindos do ter e
do não ter talento, uma das temáticas que o drama aborda com a maioria dos
personagens. Song-Ah começou tarde na música, é apontada como sem potencial, se
esforça muito, ama o que faz, mas tem que carregar as palavras negativas da sua
família, colegas de sala e professores. Com a Song-ah refletirmos sobre os
nossos sonhos e o esforço em realizar; a coragem de buscar aquilo que
almejamos; as magoas e desilusões no processo; o amar o que faz, mas sempre se
sentir inferior ou não talentoso; a falta de talento e o persistir, mas também
sobre a hora de desistir; saber onde para e saber até onde ir; sobre o peso de
não se impor; o mal de se comparar; as fraquezas e as franquezas. A convicção e
o Adeus.
Já o Joon Young é um
pianista talentoso, é contido, não consegue ver na música fonte amor, mas sim,
de obrigações, restrições, magoas e sofrimentos. A música para Joon Young é uma
prisão, um meio para atingir um fim. Joon Young não sabe como ser livre, não
consegue liberar suas emoções, a sua música é perfeita, mas não é sinônimo de
libertação, de atingir verdadeiramente as emoções. Assim, com o Joon Young refletirmos sobre o
peso das obrigações da família; de não expressar o que sente e o que pensa; as
dificuldades e cobranças oriundas de ser um músico famoso; a dependência
financeira; o sofrer calado; a solidão; os hábitos; o ter talento, mas não
felicidade; a vitória, mas o gosto da
derrota; o aprender a amar e a expressar seja com a música, mas também com as
palavras. A liberdade e a emoção e a pausa.
Já devem ter percebido
que com as inúmeras fraquezas e medos que os dois personagens possuem eles
precisam de consolo. O encontro da Song Ah e do Joon Young é permeado por um
sentimento tão acolhedor entre os dois, a lenta aproximação deles é marcada por
duas pessoas que encontram um na outra felicidade e isso é percebido em cada
olhar, em cada sorriso e gesto que eles trocaram, eles emanam doçura, um
romance doce e extremamente fofo. É impossível pra mim esquecer as várias cenas
que eles se encontram e brilham juntos, foi impossível não sorrir a cada vez
que sorriam e sentir a felicidade e a tristeza com eles, por entender, me
apegar e conectar com os personagens eu senti verdadeiramente seus desafios e
emoções.
Cada pessoa tem sua fonte de consolo seu lugar
que encontra a paz, quando a música não consolou mais a Song-Ah e o Joon Young
a presença um do outro veio para consolar. Quando a distância, o sofrimento e
os problemas vieram, quando a falta e magoa veio, eles erraram, choraram,
desabaram, erraram mais uma vez, mas, acima de tudo, perceberam, deram
lentamente passos que foram frutos de muita coragem para a superação e o
aprendizado. Não posso dizer que no processo eu não me senti frustada com eles
dois e até mesmo desesperançosa, e que não esperava mais, mas foi maravilhoso
acompanhar a cura deles dois.
Todavia, as tramas dos
outros personagens da obra são também interessantes, elas giram em torno da
Song Ah e do Joon Young, mas acredito que cumpram seu papel de colocar algumas
questões a mais, principalmente as que dizem respeito aos enlaces amorosos e o
triangulo que os principais estão envolvidos com seus amigos, de certa forma os
outros personagens fazem pensar sobre a diferença entre amor e dependência;
amizade; inveja; perda; ter talento e perder; caminhos profissionais; amor não
correspondido; posição social e também a
música clássica, o papel dos professores dos músicos e a cobrança da família,
dentre outros temas interessantes, um acréscimo é que gostaria que alguns
secundários fossem melhor trabalhados, mas reconheço o foco da história e o
espaço de cada um nela.
Eu já escrevi demais e
peço até desculpa se alguém está lendo, vou finalizar nesse parágrafo. Eu
simplesmente amei assistir o drama e isso deve ter ficado claro, chorei durante
muitas partes principalmente no final. Acredito que “ Do you like Brahms”
conseguiu finalizar a história de maneira satisfatória e de maneira muito
bonita, chorei tanto no episódio final, porque foi lindo e verdadeiro com os
personagens e suas trajetórias . “Do you like Brahms?” mostrou que sempre é
hora de crescer e aprender, não importa o quanto inferior/ inseguro você se
sinta, um passo de coragem deve ser dado, não importa se seja apenas um,
lentamente, gradualmente, você pode ir lidando com seus sentimentos e desfazendo
seus maus hábitos e cultivando coisas boas. Para além disso, ser feliz e ser
livre são passos significativos na sua vida e ser livre e feliz acompanhado de
pessoas e de amor é melhor ainda. Cresça, amadureça, aprenda, recomece, o tempo
e o viver a sua própria vida fazem parte do processo.
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