Resenha de Youth of May (Kdrama)
setembro 03, 2021
Olá pessoas, como vocês estão?
Eu, Alice, ainda me sinto destruída e extasiada com o final de Youth Of May,
mas aqui estou eu para resenhar esse drama incrível (que já se tornou um dos
meus três favoritos da vida e o meu favorito do ano, Vincenzo que me perdoe) e
de primeira deixo meu agradecimento a Brenda, esse ser de luz que me orientou
nessa resenha e me aturou pedindo definições e comentários, e motivou a
continuar a resenha. Como já dito, essa resenha será do drama sul-coreano Youth
Of May, também conhecido como Juventude de Maio, este foi produzido pela
emissora KBS2 e possui apenas 12 episódios que estão disponíveis para serem
assistidos no Viki Plus, Kocowa Pass, Drama Fansubs, Asiaflix Fansub, Magic
Drama Fansub, Subarashiis Fansub, Dorameiras On (Telegram) e Star Dramas
(Telegram) – E provavelmente em outros desses inúmeros fansubs OFICIAIS brasileiros.
Sem mais procrastinação, vamos a resenha.
Em Youth of may acompanharemos a
vida de quatro personagens principais e os secundários. Os principais sendo,
Hee Tae e Myeong Hee, que vivem um amor lindo e doloroso, e os irmãos Soo Chan
e Soo Ryeon, que mostram as raízes que crescem em nós de acordo com a nossa
criação, e tais raízes tem a chance de ser forte, bem como podem ser fracas.
Além destes, teremos o vislumbre de conhecer um pouco dos três lados
conflitantes daquele contexto histórico, que é o lado dos jovens que lutam por
um país mais justo, o lado dos oficiais que só querem o poder de comandar as
pessoas, e por fim, mas não menos importante, o lado dos soldados, que tinham
como obrigação acabar com a vida das pessoas para que a sua continuasse.
Myeong Hee (Go Min Si) é uma jovem enfermeira de 26 anos que vive uma vida pacata,
sempre tentando não incomodar as pessoas a sua volta. Ela é esforçada com tudo
o que faz, e colhendo os frutos de seu esforço, foi admitida na universidade de
medicina da Alemanha. Por mais quieta que seja, o fato dela sempre fazer o
trabalho pesado e plantões extensos, faz com que seu nome sempre seja o alvo de
burburinhos na enfermaria, entretanto, por mais que reclamem, não conseguem
manter ‘a paz’ no trabalho quando ela não está por perto, pois por mais que
seja uma pessoa calma, a Myeong Hee não é do tipo de pessoa que leva desaforo
ou se deixa ser destratada. Além de tudo, Myeong Hee é uma jovem que possui um
passado conflituoso com sua família, em especial, seu pai, que por conta de uma
frase e ação feitas no passado que marcou toda a relação entre eles, este
âmbito familiar dela, também apresenta o carinho que ela tem pelo seu irmão
mais novo a ponto de fazer de tudo para que ele seja feliz em meio ao a
turbulenta relação que mantém com o pai.
A Myeong Hee é uma personagem
muito bem construída, que teve um silenciamento trabalhado no aspecto pessoal,
quando mais jovem, ela sempre tentava defender o que acreditava, mas uma de
suas lutas para defender o que acreditava acarretou consequências sérias. E por
conta disso, ela passou a ficar quieta e não se envolver com nada que de alguma
a desviasse do novo caminho que traçava em sua vida. Entretanto, quando o Hee
Tae entra na sua vida, pela primeira vez em tempos, ela passa a desejar ter
algo, mesmo que tudo e todos dissessem a ela que não poderia o ter. E assim,
seu silenciamento é quebrado e sua luta contra si mesma se torna ainda mais
forte, pois para concretizar seu amor, ela precisa atravessar as barreiras que
ela mesma colocou em seu caminho por conta do medo de desviar. Acima de tudo, a
Myeong Hee vai representar a luta, a batalha interna de nos desviar de um
caminho que nos mesmos traçamos, para ir para um caminho inesperado e
desconhecido, mas ainda assim, bonito e interessante. E esta caminhada dela vai
ser linda de acompanhar, pois aos poucos, ela vai descobrindo mais sobre o
outro e mais sobre si mesma e sobre seus desejos e vontades, bem como, ela vai
descobrir novas experiências que levará para o resto de sua vida.
O Hee Tae mantém a fachada de
pessoa forte por muito tempo, a ponto dele mesmo não conseguir se reconhecer,
seus anos de silenciamento sobre quem realmente era e sobre os seus desejos,
foram responsáveis por moldar sua personalidade um tanto ‘fechada’, entretanto,
com uma essência única, está a qual ele não deixa que levem nunca, pois por
mais que a vida se encarregasse de sempre fazer com que a maré o leve, ele
permanece com seus pés firmes na areia, lutando contra tudo e todos que tentam
fazer com que ele deixe seu verdadeiro eu ir embora. E com essa essência, ele
consegue tomar o espaço no coração da Myeong Hee, pois há leveza na relação
deles onde não precisam de fachadas para se gostarem, eles podem simplesmente
serem quem são. E a luta do Hee Tae durante o drama foi a de permanecer forte
diante os problemas, tentar ser feliz em meio ao caos, não deixar que os anos
de silenciamento diante aos seus desejos abalem seu presente e futuro, bem
como, lutar para se manter fiel a si, por mais que o mundo esteja desabando em
sua cabeça. E este foi o bonito do Hee Tae, ele não se deixava ser vencido, por
mais que tentassem rendê-lo, ele persistia, sempre buscando uma forma de ser
feliz e deixar o outro satisfeito.
Por mais conflituosa que a Soo
Ryeon pudesse ser, seus dias foram marcados pelo seu silenciamento, perante as
coisas que faziam por ela, bem como, dela pelo que via acontecer. Por muitas
vezes suas ações causaram consequência as quais ela se calava e deixava que
fizessem as coisas para ela, sempre usufruindo de tudo que podia, até o momento
que o mundo cai aos seus pés. Por mais que muitas vezes a sua ajuda não seja de
muita conveniência, ela consegue fazer com que as coisas andem, como ela mesmo
diz “posso não mudar nada, mas posso fazer alguma coisa” e esse é o espírito
que a move. Ela quer se livrar das cordas de medo que a seguram, e este medo,
de alguma forma se transformou em coragem, a qual a impulsiona a correr atrás e
fazer a diferença, sem esperar que façam algo por ela. Muitas vezes eu vi a Soo
Ryeon como nada menos do que uma jovem perdida que não sabia lidar com a vida,
mas no final da trama percebi que eu estava errada, de certa forma, ela estava
sim perdida em um mar de pensamentos, entretanto, ela sabia muito bem lidar com
a sua vida, por mais que muitas dessas maneiras não fosse a forma “correta”,
ela ao menos tentava fazer algo sem se importar com erros.
Soo Chan é um personagem que
fiquei desconfiada sobre quem realmente era por muito tempo, acredito que essa
desconfia fosse o fruto dele mesmo não saber quem era, bom, de certa forma ele
sabia, mas a pessoa que ele acreditava que era, era uma criação falsa que
acreditava no mundo perfeito, mas quando o mundo mostra a realidade para ele,
não há outra alternativa a não ser ver tudo aquilo acontecendo embaixo dos seus
olhos. Por mais que ele e a Soo Ryeon tenham sido criados da mesma forma, sua
irmã percebe mais rápido como o mundo é, e por mais que seja de uma forma meia
torta, ela tenta ajudar, enquanto isso, o Soo Chan fica olhando tudo acontecer
sem entender, até sentir na pele o que as pessoas ‘normais’ precisam sentir, e
assim, ele passa a entender a tecla que sua irmã sempre batia que é “eu posso
não mudar nada, mas eu posso fazer alguma coisa”. E era exatamente esse o
silenciamento do Soo Chan, ele não olhava para o que acontecia fora dos muros,
então não tinha o que falar e permanecia quieto perante as injustiças
existentes no mundo, mas como o esperado, quando é colocado a prova, ele não
deixa que o medo ou a vergonham o dominem, ele reúne a coragem e enfrenta de
cara, tentando fazer o máximo para que te alguma forma, ele possa fazer a
diferença.
Kyung Soo (Kwon Young Chan) é um jovem soldado sul-coreano, ele é um dos inúmeros jovens
que foram obrigados a se alistarem após ter sido pego em uma das manifestações
estudantis, e por conta disso, ele traz reflexões incríveis sobre a sua
posição. Ao decorrer do drama, vi que muitas pessoas por algum motivo se
estressaram com esse personagem ou repudiaram atitudes e isso foi algo que
nunca consegui fazer com ele. Kyung Soo é literalmente um jovem perdido no meio
daquele fogo cruzado, ele se vê entre a ‘obrigação’ e seus valores pessoais.
Ele sempre se pergunta o motivo sobre dizerem que ele é uma pessoa boa, bem
como, dizem que ele é uma pessoa ruim, no lugar dele, qual seria a concepção
certa de ser bom ou ruim, se ele matar os civis ele se torna ruim perante a
sociedade e bom para seus comandantes, mas se ele deixa de matar os civis, ele
se torna bom para a sociedade, mas se torna uma pessoa ruim e egoísta perante
os seus superiores.
O Kyung Soo viveu por muitos anos carregado dores e arrependimentos daqueles momentos tortuosos que ele deveria apenas ficar em silencio enquanto os outros matavam pessoas que estavam apenas vivendo as suas vidas, e que infelizmente estavam no lugar errado na hora errada. Todo o sofrimento que ele carrega mostra que aqueles tempos não foram fáceis para ninguém, os soldados também estavam lá por obrigação, ou matavam ou eram mortos, obviamente, não podemos dizer que todos aqueles que estiveram lá eram pessoas boas, mas assim como o Kyung Soo, todos tinham famílias, eram filhos e amores de alguém, e tais pessoas, tinham que proteger a vida de quem amava como podia e assim fizeram. Entretanto, também vemos os lados ruins dos soldados através dos superiores do Kyung Soo, que matavam as pessoas sem dó e ao menos tinham uma forma para reconhecer os estudantes, eles realmente foram com a intenção e tirar a vida de tudo e todos que entrassem em suas miras, não poupando nem mesmo as crianças.
No mais, acredito que Youth of May apresenta através de todos os personagens, tanto principais quanto secundários, a ligação entre o ter medo e ter coragem. Bem como, apresenta a ligação entre o silenciamento, a força e coragem. De um lado podemos ver o silenciamento e do outro lado podemos ver a força e coragem, tais que apresentam as pessoas que veem a injustiça acontecer e precisam se manter caladas diante a elas, e do outro lado, vemos as pessoas dizendo sobre o que é ser uma pessoa boa, o que é lutar contra a maré. Todos os personagens, de alguma forma, precisaram tomar decisões que não afetam apenas a eles, seja o ir ou o ficar, o ajudar ou não ajudar, o ser feliz ou deixar o outro feliz. O drama trabalha muito sobre os ‘ses’ que a vida nos traz, “se eles não tivessem se separado”, “se a criança permanecesse lá”, “Se a menina tivesse contado a verdade”, os “ses” sempre estarão presentes, mas eles não alteram o foco e sim. Mostram que as alternativas estavam ali, mas como esses personagens estão dentro de uma ficção realística, eles são constantemente propensos a errar, tomar decisões precipitadas ou algumas que causam consequências irreparáveis. O drama apresenta esses aspectos de uma forma muito boa, e com isso, ele consegue fazer com que a gente reflita sobre nosso estado atual. Nós nos deixaremos sermos silenciados ou lutaremos até o fim com coragem perante os nossos medos e as injustiças?
Este drama também apresenta
firmemente a questão familiar dos personagens e como são tratados, o Hee Tae
como filho bastardo tendo uma relação com o seu irmão mais novo que sofre com
os burburinhos que dizem ser ele o bastardo, entre esses dois, houve uma longa
implicância, mas sem dúvidas havia carinho entre eles no sentido que eles
precisavam se aproximar mas não achavam uma forma, e de certa forma, a Myeong
Hee e o Myeong Soo (irmão da Myeong Hee) os ajudam a criar uma ponto, onde eles
podem compartilhar alguns poucos segredos e quando preciso, ajudar a salvar o
outro.
Já a questão familiar da Myeong
Hee é apresentada como algo turbulento, por mais linda que seja a relação dela
com o seu irmão e com sua mãe, ela não consegue perdoar seu pai pelos feitos
passados, e esse sentimento de amargura que ela nutre sucumbe ela cada vez mais
até que se torne um arrependimento, eles mostram levemente que o amor do pai
para com a filha nunca morreu e ele se preocupou com ela a cada segundo de sua
vida, sempre tentando fazer o que tivesse ao seu alcance para que ela pudesse
ter uma vida confortável.
Por mais que eu já tenha falado
um pouco, também preciso frisar sobre a relação familiar da Soo Ryeon e do Soo
Chan, eles são dois personagem que viveram anos usufruindo de uma vida
confortável e muitas vezes não conseguiam lidar com alguns pontos ‘mundanos’
(como comprar comida para uma festa), entretanto, isso não faz com que sejam
extremamente diferentes da maioria, afinal, eles também tinham seus problemas
para lidar (principalmente os problemas causados por inconsequências da Soo
Ryeon... kkkkk). Youth of may mostra que as relações familiares são diferentes
variando de cada família, podemos ter aquelas que são tóxicas e queremos
distância, bem como tem aquelas que estamos distantes, mas desejamos nos
aproximar.
Além destes já citados, Youth também nos levanta o aspecto da amizade naqueles tempos, e esta pode ser vista tanto pela Myeong Hee para com a Soo Ryeon, por mais que essa amizade tivesse altos e baixos e muitas pisadas, elas conseguem contornar isso se mostrando verdadeiras uma com a outra ao dizer seus verdadeiros pensamentos e principalmente, pedindo perdão e desculpando. A amizade também pode ser vista do Hee Tae para com o Kyung Soo, que por mais que tivesse ficado traumatizado, nunca quebrou sua promessa de cuidar para que a amiga sobrevivesse, bem como, o Kyung Soo faz o possível para ajudá-los (INICIO DO SPOILER – aquele momento na cena final principalmente, por mais forte que fosse, ele simplesmente não poderia a mover, e o máximo que ele poderia ter feito, ele fez – FINAL DO SPOILER). A amizade também pode ser vista na relação do Hee Tae com a Myeong Hee, ambos iniciam uma amizade que mostra que eles poderiam sim se apoiam, ouvir um ao outro, e principalmente, poderiam compartilhar seus sentimentos mais profundos. E por fim, a amizade mais linda que o drama apresenta é entre os jovens,Kim Myeong Soo (Jo Yi Hyun) e Hwang Jung Tae (Choi Seung Hoon), os dois jovens que vem de mundos completamente diferentes, o Myeong Soo é de família pobre e veio do interior, o Jung Tae é da cidade grande e vem de família rica, em meio a tantos percalços e desentendimentos iniciais, eles criam uma amizade verdadeira onde um mostra ao outro um lado da vida pouco explorado, como o fato da Myeong Hee e do Myeong Soo terem mostrado ao Jung Tae que ele ainda é uma criança por mais que sempre precise se portar como um adulto.
Uma coisa que não me falta para este trama são elogios, além da excelente forma de representação histórica, a trama apresenta perfeição em todos os aspectos, seja a trilha sonora que faz com que a gente se emocione, a fotografia perfeita que faz com que a gente se apaixone, a figuração e principalmente, as atuações. Todos os atores, desde os protagonistas aos secundários e coadjuvantes não decepcionam em seus papéis mostrando que têm a capacidade de despertar sentimentos conflitantes em quem está assistindo, que vão da da raiva/irritação ao amor e muito mais, pois acima de tudo, os personagens que eles representam são seres humanos (menos aqueles caras ruins, principalmente o pai do protagonista, não sei o que ele é, mas ele não é um ser racional) que erram tentando acertar, e vivem em busca de uma felicidade interna e externa.Como acredito que já me alonguei demais, terminarei essa resenha dizendo que acompanhar Youth of may foi uma das experiências mais extraordinárias da minha vida por toda aquela ansiedade por novos episódios e saber cada vez mais sobre o drama e sobre os personagens (acredito que quem for assistir o drama depois de tudo lançado não terá a mesma experiência de quem acompanhou o drama, pois mexia demais com os nossos sentimentos, a espera pelos episódios e as incertezas, ainda assim, não deixem de assistir, pois vale a pena). Este é um drama que faz com que reflitamos sobre a relação do passado com o presente principalmente, já que o passado que eles contam na história é uma memória advinda do presente. E como o passado é um tempo saturado de presente. Bem como, falam sobre a vida e a morte, o ir ou permanecer, o tentar ou o desistir. Assim como maio se foi, Youth of may terminou, e com eles meu coração se foi, me deixando em luto pelas perdas. Contudo, me deixou a bela lembrança da Juventude de maio.
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