Resenha de Run On - (Kdrama)

fevereiro 06, 2021



Saudações, queridxs! Aqui quem escreve é a Brenda, estou aqui para resenhar Run On, drama de 16 episódios da JTBC, disponível para assistir no Dramfansub, Magic Drama Fansub e Kingdom Fansub.  A verdade é que estou um tanto enferrujada para escrever sobre dramas, já faz uns dois meses que não produzi uma resenha, não garanto qualidade nessa, mas asseguro que contém sentimentos sinceros. Primeiramente, devo dizer que estou digitando esse texto com um vazio, aquele que só as obras que nos tocaram de alguma forma deixam, Run On terminou ontem e ainda não sei como proceder. Vamos embarcar comigo nessa tagarelice sobre Run On?

Uma perdedora. Um louco. Uma psicopata. Um imprestável ou o primeiro amor de alguém. São essas as descrições que o kdrama oferece sobre os personagens em seu primeiro episódio, fiquem com essas características na cabeça durante esse texto. As sinopses que encontramos por aí de Run On descrevem o enredo como uma história de amor entre uma tradutora que está acostumada a olhar para trás e um atleta de corrida que se acostumou a olhar para frente. Elas não estão erradas, a trama do drama é realmente sobre esses dois personagens, mas, se tivesse que descrever uma sinopse para a história diria que é sobre quatro personagens diferentes vivendo suas vidas e, consequentemente, lidando com o amor e com a amizade também.

Assim, Run On é sobre a Oh Mi-Joo uma tradutora de filmes do coreano para o inglês que constantemente se refere a si mesma como perdedora, e também é acerca do Ki Seon Gyeom, um atleta nacional, filho de uma família rica e famosa, que frequentemente é interpretado como louco pelas outras pessoas. Assim como, é a respeito da Seo Dan Ah, filha de uma família rica e presidente de uma agência de atletas, sua forma de agir com outras pessoas, é como muitos diriam, o comportamento de uma psicopata, e tem também o Lee Young Hwan, um estudante de artes que pinta e vende seus quadros, ele é o primeiro amor de alguém, mas, também é visto como um imprestável. A junção desses quatro personagens tão diferentes entre si, tão únicos e, devo dizer maiores do que suas descrições iniciais, é o que torna Run On interessante de assistir, acompanhar um fragmento da vida deles e a forma que se relacionam uns com os outros são os pontos principais da trama, logo, o meu primeiro comentário opinativo sobre o  kdrama é que ele é simples, leve, divertido e singelo, vou ser bem brega e dizer que assistir Run On é como o vento que sopra nos nossos rostos durante uma corrida, nos traz paz e também alegria, não irrita, é exatamente o refresco que esperávamos para os nossos dias mais corridos, é um ponto de repouso, uma pausa, isto é,  a trama não exagera, não é o intuito dela exagerar, é como a vida sem grandes espetáculos, mas também bonita e, da mesma forma quando estamos correndo, proporciona momentos reflexivos onde os pensamentos fazem morada e o fôlego é retornado.

Na residência desses pensamentos que nos perseguem e são despertados ao longo da trama é impossível não refletir sobre o questionamento que considero o central da obra Qual a forma que você está correndo para chegar na linha de chegada?”, em outras palavras, “Como você está vivendo sua vida?”, “O jeito que você persegue aquilo que deseja faz bem para você?”. Em Run On, tudo está metaforicamente relacionado a corrida e a linha de chegada, ao viver nossas vidas estamos correndo em busca de algo, viver, afinal, a vida é correr em direção a algo, seja um sonho/objetivo, ou correr simplesmente contra o tempo sem saber para onde está indo, não estamos nós, de certa forma, todos correndo? Run On nos mostra que sim, mas, além disso, o drama estabelece a linha de chegada, aquele ponto que é mais do que um final de uma corrida, ela representa a superação emocional ou física, é conquistar algo, mas também crescer durante esse processo. O que quero dizer é que no dorama, todos os personagens estão indo em direção a uma linha de chegada, existem coisas que eles precisam aprender, há caminhos que eles vão descobrindo ao longo da história ou da corrida que é o enredo. Logo, é importante destacar que durante essa jornada nem sempre só correr bastar, não basta viver de qualquer jeito, por mais que cada um tenha seu jeito característico de correr, a história mostra que há atitudes que devemos tomar que façam bem para conseguir atingir a linha de chegada psicologicamente e fisicamente bem, os personagens nos ensinam isso cada um de sua maneira, no meio de alguns tropeços e pausas, mas ensinam.

Ki Seon Gyeom intepretado pelo Im Si-wan.

Portanto, por mais que o Ki Seon Gyeom saiba como chegar no final de uma corrida fisicamente bem, ele esquece que seu psicológico é igualmente importante, na verdade ele esquece que sua existência também é importante, que o amor a si próprio precisa existir, inicialmente, ele é descrito como louco, pois ele não toma atitudes esperadas, ele é imprevisível e, em muitos momentos, suas atitudes não fazem sentido para a maioria das pessoas ditas como “normais”. Mas, mesmo que olhe só pra frente e esqueça seu entorno, ao longo da história é possível observar o crescimento singelo do personagem que possuir uma essência tão boa, o Ki Seon do primeiro episódio não é mais o Ki Seon do último, não porque ele perde sua essência, muito pelo contrário, o Seon honesto, fofo, calmo, motivador, gentil, continua ali, mas, para atingir sua linha de chegada na vida, com a ajuda das outras pessoas ao seu redor, aos poucos ele vai aprendendo da sua maneira única o que é melhor para ele, um personagem que amo e admiro muito aliás. Ele é muito mais do que o louco, pois, além de tudo que já disse, ele nos ensina que o presente é importante,  que quando algo é difícil devemos fazer um pouco de cada vez, cometer um erro, pode ser um acerto, mas também pode ser um erro e não tem problema. Além disso, Seon demonstra que existem momentos onde uma pausa é preciso, a vida não é apenas correr diretamente e desesperadamente.
Oh Mi Joo intepretada pela Shin Se Kyung.


A corrida da vida também reflete a personagem da Mi-Joo, afinal, por mais que ela saiba como cuidar de seu psicológico, o mesmo não pode ser dito de seu físico e de outros aspectos de sua vivência. A Mi-Joo é descrita como uma perdedora, pois, de alguma forma ela está sempre fugindo, ela desiste fácil e não tem vergonha disso, a corrida para ela tem que ser prazerosa, talvez por conta das dificuldades de maiores proporções que ela já passou na vida, ela não gosta de dificuldades e toma os caminhos mais fáceis e seguros para resolvê-las, a personagem protege seu psicológico. No entanto, a Mi-Joo também sabe a importância de se amar primeiro, ela se esforça quando necessário e é uma pessoa divertida, sincera, legal e sociável. Em suma, a personagem também cresce ao longo do processo, aprende a não agir como uma perdedora, a levantar a cabeça nas horas de dificuldades e não fugir, a não olhar tanto para trás, já que ao olhar demasiado para trás corre o risco de perder o momento que alcança a linha de chegada, pode esquecer de aproveitar a sensação de enfrentar tudo no caminho, mesmo sendo difícil, em muitos momentos, ela correu de jeitos errados sem sentir o momento, contudo o importante é que reinventou seus comportamentos. Sobretudo, ensinou que é imprescindível se amar primeiro e viver em harmonia, sempre sendo quem você é, ela é muito mais que uma perdedora.

Seo Dan Ah intepretada pela Choi Soo young.

Todos os personagens estão correndo para chegar a linha de chegada, a Dan Ah corre enquanto se auto protege, corre vestida em uma armadura, ela não corre porque é prazeroso ou divertido, a corrida da Dan Ah é unicamente para atingir um fim, não porque ela gosta, afinal, a maioria das coisas que ela gosta foi tirada dela no processo, ela corre recusando-se a gostar ou admitir que está gostando, afinal, não aproveitar a corrida, não pausa e respirar, é a forma de chegar mais rápido no final, não importa de que jeito, só basta chegar de preferência com uma armadura bem forte. É isso que faz seu comportamento ser dito como o de uma psicopata, logo, em muitos momentos ela aparenta violar constantemente o direito dos outros, com uma postura de desprezo, não importando os meios e sim os fins. Mas, a verdade é que Dan Ah esconde muito bem suas fraquezas, denotando ser mais do que sua descrição inicial, a corrida para Dan Ah é difícil, mas, aos poucos ela vai aprendendo que não precisa ser apenas difícil, você também pode gostar dela e aproveitar. A Dan Ah é uma personagem interessantíssima, pois vamos conhecendo seus sonhos e seu lado doce ao longo do drama, gradualmente vemos o seu lado fraco que também faz dela uma mulher forte e sensível. Ela é muito mais do que uma psicopata, pois, além de tudo que disse, nos ensina a sermos fortes, por mais forte que seja a armadura, existem medos e fraquezas, o importante é viver lidando com isso.
Lee Young Hwa intepretado pelo Kang Tae Oh.


O último que irei descrever é o Lee Young Hwa, a corrida do nosso querido pintor é como a de uma criança descobrindo a jornada da vida, correndo pela primeira vez, digo isso porque é uma corrida pura, alegre, sincera, uma corrida que anda de acordo com o vento, o Young Hwa é assim, ele sente muito, ele aproveita o mundo ao seu redor, ele olha as coisas, mas também sua corrida corre o risco de ser imprudente, de ser divertida demais ou por ser levado com o vento a linha de chegada não ficar bem clara. Durante o processo do Young Hwa ao longo do drama, ele aprende que também deve tomar determinadas atitudes para amadurecer, e ele toma, percebe rapidamente que algumas coisas fazem parte da vida como as desilusões, arrependimentos e o amargo, ele conhece pela primeira vez o amor e experimenta o processo aprendendo com ele. Nosso estudante de artes é descrito como imprestável, não porque ele não sirva para nada, mas porque ainda está conhecendo sua utilidade, experimentando o que é correr pela primeira vez e descobrindo o que é essa linha de chegada, porque, em um primeiro momento, ele pode ser despreocupado demais, mas, o mais importante é que ele se mostra muito mais do que isso, ele é a junção da doçura de ser imaturo as vezes com a proeza de ser maduro quando necessário. Young Hwa ensina que um quadro não fica pronto no mesmo instante, precisamos adicionar cor e vida a ele, depois descobriremos o resultado final da arte e tudo bem adiar.

Eu sei que estou escrevendo muito e peço até desculpacontinuem comigo até o fim. O que quero dizer é que Run On nos desafia a correr e a sermos quem somos, mesmo sendo diferentes como cada um dos personagens é em sua corrida, assim os quatro personagens tem espaço proeminente na história, não tendo muita distinção entre os secundários e os principais. 


Não obstante, é no meio dessa corrida que cada um dos personagens se conhece e os caminhos para um romance são traçados, e acredite o romance é um dos pontos principais dessa história, a Mi- Joo e o Ki Seon Gyeom vão formando um laço aos poucos, com todas as suas diferenças, eles vão se sintonizando um ao outro, por mais que seus mundos seja tão discrepantes, é muito bonito observar como eles realmente, gradualmente, por meio de muitas conversas, conhecem um ao outro, trocam opiniões e pontos de vistas diferentes, aprendem coisas, mas, além disso, como fazem bem um para o outro, como a entrada de um na vida do outro é significativa e saudável, há uma maturidade no relacionamento amoroso que eles constroem, é um casal saudável, divertido e extremamente fofo. Voltando para a metáfora da corrida, é como se todo o caminho que eles percorreram foram em direção a esse romance, como se um estivesse da forma mais romântica possível esperando a entrada do outro em sua vida. Eu tenho muitas palavras para dizer o quanto amo esse casal, eles conversam e se entendem, quando não se entendem eles dizem que não, eles formam um laço de amizade antes de um romance e são sinceros um com outro e nos momentos de turbulência estabelecem uma pausa, tomam um fôlego e aprendem a como lidar com os obstáculos juntos. O melhor é que em Run On não tem clichês irritantes e os que suspeitamos que possam vir a ser irritantes, o drama surpreende abordando com leveza, resolvendo com uma conversa, nada tão dramático, tudo com simplicidade, mesmo as questões relacionadas ao pai do personagem masculino.


O nosso segundo casal foi ganhando meu coração aos poucos e quando percebi já estava tomado por eles, assim como o Young Hwan, eu dei meu coração para eles fazerem o que quiser. A Dan Ah e o Young Hwan também se mostraram um casal maduro e nada irritante, por mais improvável que a relação deles pudessem parecer, o contraste entre a personalidades deles e o modo de vida é que tornou tudo muito mais inusitado, divertido e fofo e sem dúvida o que propiciou o relacionamento que eles vão construindo ao longo da história também ajudar no crescimento deles e destrichamento de suas personalidades. Todas as cenas deles emanam química e diversão, assim como os da Mi-Joo o e do Seon. Enquanto a Mi-joo e o Seon estabeleciam um relacionamento mais tranquilo, a Dan Ah e Young Hwa tinham uma relação mais cheia de brigas e trocas de farpas, mas que o amor que ambos sentiam um pelo outro estava explicito e implícito em cada ação, também é um relacionamento que cresce aos poucos, e o mais bonito é que eles não precisavam conversar muito porque existia um entendimento mútuo em um olhar, poucas palavras  ou em uma pintura.

Dessa maneira, além dos enlaces amorosos, é também delicioso assistir o laço de amizade que esses quatro personagens formam entre si, é divertido observar a amizade inusitada desses quatros que gera muitos risos, amei acompanhar como as poucos um vai invadindo a vida do outro tão naturalmente. Run On tem isso, por mais que mostre situações inusitadas, elas acontecem naturalmente com um toque até mesmo de originalidade. Assim, os personagens estão bem sintonizados entre si, a marca do dorama é contar a história por meio de diálogos, eles sustentam a trama e torna ela fácil e rápida de ser assistida, não cansando, esses mesmos diálogos são ricos, bonitos, divertidos, em Run On os diálogos são tudo e mais um pouco. A trilha sonora também é algo que gosto muito, inclusive escrevo enquanto escuto. Na minha opinião tudo em Run On está bem sintonizado, nada passa do ponto, nada é demais, mas também não é de menos, a história é bem equilibrada e consegue manter seu ritmo até o fim. Pode até parecer uma história superficial para algumas pessoas pela forma como apresenta seu enredo, mas para mim ela é sutil, a vida é, a corrida da vida é. Pois, assim como em cada momento que tiramos em uma corrida para pensar, pensando em várias coisas ou ao mesmo tempo em nada, Run On passa e aborda de diversos temas com a suavidade e liberdade que só a sensação de correr pode proporcionar.


Dito isso, as temáticas que Run On abordou ao longo do drama me fizeram aplaudir a proeza em tocar assuntos necessários e importantes. Para se ter uma ideia, o primeiro ponto marcante é a representatividade que a história oferece para as personagens femininas, elas são mulheres fortes e o centro da história, a forma como os personagens masculinos estão representados também marca a positividade dessa inserção, já que eles que possuem as características mais notórias de fragilidade, mostrando uma masculinidade saudável. Além disso, no âmbito das temáticas importantes Run On também fala de violência no esporte (abuso), o significado da verdadeira família, ausência familiar, pais abusivos, superação de lesões, as dificuldades no espaço de trabalho dos personagens, o espaço da mulher na sociedade, obviamente, o amor se estendendo a tudo e outros. Um tema que eu particularmente me surpreendi e fiquei feliz em terem abordando foi a homossexualidade, a forma que o drama inseriu a temática com respeito e de forma reflexiva, quando Run On faz isso ele nos diz mais uma vez “tudo bem as pessoas serem diferentes, tudo bem elas serem quem elas são, é possível cada um conviver aprendendo e respeitando e percebendo a maravilha das diferenças que há um entre o outro”. 

Por fim, é por todos esses motivos que escrevi nessa longa resenha - não sei nem se pode ser considerada resenha isso - que eu amo esse drama, que eu amei essa jornada. O episódio final do drama para mim foi ótimo e condizente com tudo que acompanhei foi feliz e descomplicado, por incrivel que pareça abordou a trajetória de todos os personagens que passaram pela trama . Afinal, a jornada desses personagens  não chegou propriamente ao final, o que acompanhamos foi cada um correndo em direção a uma linha de chegada que, assim como a vida, vai ser renovada, novos sonhos, objetivos, novos crescimentos surgirão para esses personagens, o drama nos mostrou apenas uma parte do que eles querem, do que eles são capazes e do que eles podem, ensinando também para quem está assistindo que uma linha de chegada não é fim que sempre podemos nos reinventar enquanto estivermos nessa corrida que é a vida. 



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